Último dia de férias. Sento-me ao computador e desfilo as notícias e status updates dos últimos 15 dias. Invariavelmente, mais um plano suicida a esticar a borracha do balão, remendado, velho, gigante, mas que alguns continuam a soprar, na esperança de que seja a aumentá-lo de tamanho que daí venha o ar. Esgrimem-se argumentos, os mesmos, gastos, podres. Recuperam-se velhas glórias, como se o passado fornecesse soluções, quando na verdade as oculta. E assim se arrasta a máquina pesada. Do silêncio e da pacatez do sítio onde passei a semana, tento aproveitar o que lhes resta neste turbilhão adormecido da cidade de Domingo. Amanhã, a rotina, o compasso, os "dias úteis", a modorra lenta, enquanto que o balão continua a inchar. Passeio, incrédulo, entre argumentos do cidadão anónimo a quem um nome e uma foto miniatura tentam emprestar algum crédito. Fala-se do governo, da coligação, da cor política. Fala-se de um, fala-se do outro que veio antes, fala-se do que se fez, fala-se da culpa, da culpa, da culpa. Sempre a merda da culpa. O pântano do centrão debita de novo as postas de pescada. Os que lá estão admitem que não podem fazer mais nada. Os que lá estiveram persistem que fariam outra coisa. Vejo o silêncio do centro da cidade à minha volta e os últimos raios de sol do último dia de férias. O caralho que os foda. Amanhã já é segunda feira.