Sair
Ir para longe
Fechar os olhos
Respirar ao longe o rebentamento das ondas
Respirar fundo

Tornar-me só um
Saber a tua face sem saber quem és
Percorrer com as mãos o vazio que ninguém ocupa
Esquecer que o mundo é mundo
Saber que tudo é para sempre
Ouvir-te sem te ver

Mas primeiro era preciso viver.

Sou metamorfose.
Nasci incompleto,
E tentei transformar-me

Percorri vales e montanhas
(Áridos desertos disfarçados)
Acreditando que um dia...

Depois descobri que o suspiro
As paisagens idílicas da mente
Falar sozinho no escuro
O cantarolar, o pairar acima do chão

Faziam parte do amargo puzzle que
Desesperadamente
Queria completar.

Afastei-me um pouco e vi o gigantesco puzzle acabado,
Acabado apenas quando percebi que não teria fim.
Estava em branco.

E de todo um cocktail amargo de
Nervos,
Pesadelos,
Paixões,
Equívocos

Fica apenas e só a raiva.
Talvez seja ela o grande amor da minha vida.