sábado, março 27, 2004

Manhã:
A chuva, a chuva, a chuva, e o passeio à senhora da desgraça. Supostamente teria uma reunião às onze da manhã (de um sábado, que barbaridade), mas quando lá cheguei, a reunião tinha sido cancelada. Boa! Felizmente tinha plano alternativo, o meu grupo de teatro andava por aí por Lisboa a procurar coisas para a peça. Fui então ter com eles, e passámos por vários locais, entre móveis caríssimos, roupas baratas, e opções muito ou pouco viáveis. Ainda tenho que encontrar um fato, e ainda não sei onde...


Tarde:
Imaginem que vêm "O Padrinho" três vezes por dia durante uma semana, incluindo fins de semana. Imaginem que têm de analizar todos os olhares, todos os gestos, todas as entoações de voz, todos os microscópicos pedaços do filme, até ficarem com a mente repleta daquelas personagens. Imaginem que a seguir a isso conhecem a Família Corleone, e as figuras que durante uma semana intensa viveram apenas num ecrã se tornam realidade, estão ali, à vossa frente de carne e osso. Aconteceu-me isto na estreia dos documentários que montei, dentro de uma workshop promovida pela Gulbenkian. Foram duas semanas de trabalho intenso, a montar dois documentários: um sobre um imigrante brasileiro que ensina e dança forró, e outro sobre uma rapariga de 14 anos que tem insuficência renal mas apesar disso não perde a alegria de viver. Parece que estou a exagerar, mas foi das sensações mais estranhas de sempre quando finalmente conheci essas duas pessoas, e as outras que entram no filme. E estavam lá todas, a apertarem-me a mão, timidamente. Porque além da estranheza inicial, ainda é mais esquisito saber que nós conhecemos aquelas pessoas como a palma das nossas mãos, vivemos com elas durante horas e noites a fio, enquanto que elas nos estão a ver pela primeira vez, para elas somos absolutos desconhecidos. Quase como se estivessemos a dizer "olá" a um irmão que perdeu a memória. A minha tarde foi assim - a ver num ecrã as figuras com que convivi, e à minha volta nessa sala, as pessoas que essas figuras representam.

Noite:
Surpresa das surpresas - dirigindo-me ao goethe institut para ir ver uma pacata sessão de algumas curtas da minha escola, descobri que "Ilusão", o meu primeiro filme, ia passar lá também. Agradável pormenor, mas se me tivessem informado melhor, tinha chamado mais gente, nomeadamente a actriz do filme - a Cristina Carvalhal - que por acaso encontrara horas antes na sessão de curtas da gulbenkian, e com quem estive a falar. Que timing! De qualquer maneira fiquei de fazer um dvd com o meu filme, e de enviar-lhe por correio. Foi construtiva, a sessão. Sobretudo serviu para rever colegas que não via há muito, e para reafirmar a minha vontade de ir à minha escola acabar o meu segundo filme. É a hora!

sexta-feira, março 26, 2004

Será por trás dos olhos,
Um derradeiro grito, longo findar
Da manhã de ontem, pálido fragmento,
Pedaços de um tempo que se quis passado.

Será enfim em ti, visão de céu,
Uma dança que se esconde, tímida, calma,
Toda a festa que não se chegou a cantar,
Todos aqueles sorrisos que se lavaram
nesses rios do que não acontece.

Procuro a saída, procuro o portão,
Sabendo que dentro de mim as paredes são de pedra,
Acreditando na força de algo que não existe,
E na utopia de um sonho, que me cure.

Sem asas para a fuga,
Sem olhos para rir,
Sem alma para a esperança.

Talvez no fim, mero princípio?

quinta-feira, março 25, 2004



A sonhar com viagens e países... a sonhar com sair daqui e respirar outro ar, outra luz, outras paragens...

devia haver um subsídio de viagem, é óbvio que estou para aqui a criar utopias, mas como já estava a sonhar no parágrafo anterior...

toda a gente devia ter o direito a perceber o tamanho deste mundo...

encontro-me hoje assim neste blog... a olhar para uma experiência fotográfica já um bocado anciã (já tem 3 anos, quase), e a olhar para lá para fora, para o mundo que espera, e passando o tempo, parece chamar por mim. Tudo isto só para testar a inclusão de imagens no meu blog. Mas até o mais trivial dos gestos pode ser repleto de sentido... até o cinema o comprova.

terça-feira, março 23, 2004

Segunda feira, e, depois de andar duas semanas a acordar a horas decentes (entre as 7:00 e as 8:30) e a sair do trabalho a horas indecentes (21:30, 22:00), repouso de novo. Surgiu uma proposta nova, e o que é fixe é que posso ser pago. É muito simples, montar um pequeno vídeo institucional para uma empresa que serve de intermediário entre o sector da saúde e a comunicação social. Até já tive ideia para um jingle, mas ainda não percebi nem como é que posso pôr ficheiros nem como é que posso pôr imagens neste blog. Mas toda a vida é um trabalho de aprendizagem, e um lindo dia (como hoje esteve....) hei de perceber como é que isto funciona. Bom, de qualquer maneira ligaram-me da SIC Notícias, para uma proposta de estágio... será? Recebi hoje a carta de uma amiga minha, instalada para o sul de França, e hei de responder. Por isso, Ana, não te preocupes ;-)


domingo, março 21, 2004

Sábado. Engraçado, era o dia que eu mais curtia quando era puto, o dia de acordar às 7 da manhã a ver a mira técnica da rtp e esperar pelos desenhos animados, e à tarde às vezes ir passear (sim, crianças, antes passeava-se ao ar livre, não havia centros comerciais gigantescos). Agora é o dia de acordar às tantas, e de não fazer nenhum, porque, por mais histericamente que esta cidade se mova durante a semana, chega sábado e o pessoal repete todo a parte deste post que fala sobre não fazer nenhum e acordar às tantas. E assim a cidade adormece nas ruas, e desponta nas superfícies comerciais, onde sábado se torna o dia de ir ver as montras, mesmo quando não há dinheiro para fazer o que quer que seja. Não pactuo com isso. Felizmente a minha vida permite-me ter a liberdade de evitar os movimentos de massas, e se formos a ver basta usar a cabeça para o fazer. Que raio, às vezes é tão simples, basta não irmos comprar aquele cd ao colombo, e passar mais um dia sem o ouvir, ou qualquer coisa do género. Irrita-me que o pessoal não queira pensar, e que os "powers that be" esfreguem as mãos perante essa manobra de estupidificação que só lhes enche os bolsos. Mas blogs urbano depressivos já existem aos montes, e sinceramente não me apetece cair numa coisa que quem acabe um dia por ler isto já conheça. Com tanto Blog por aí, sinceramente só faço isto porque a palavra "diário" deixou de existir. Agora nem é preciso gastar papel! Bom de qualquer maneira, não faço a menor ideia sobre o que é que este blog terá dentro. Escrevo-o mais para exercitar a escrita do que outra coisa qualquer.

Apresento-me: chamo-me João Loff e estudei cinema durante três anos. Realizei dois filmes e estou neste momento entre pseudo-propostas de estágio e projectos à parte. Não faço tenções de parar, e este ano caiu que nem ginjas para poder fazer as coisas que gosto e para as quais nunca tive tempo, uma delas é fazer teatro. Dia 29 de Abril (curiosamente quando passam dois anos sobre a rodagem do meu primeiro filme) volto aos palcos, para apresentar uma peça do Noel Coward com o grupo de Teatro Miguel Torga, da Faculdade de Ciências Médicas. Sou apaixonado pela arte, e esta é uma delas. Gosto de fazer música, e a banda em que toco está meio congelada... mas há de aquecer de novo, um dia... Quero ver se o meu último filme é terminado e se o posso finalmente mostrar a toda a gente... Espero que este Blog ainda conte histórias interessantes. Por enquanto, é uma ocupação que enfrentei perante uma tarde de primavera (começa amanhã, mas whatever). Hei de cá voltar, com uma série de impressões sobre as coisas que vão acontecendo. A apresentação continua noutra altura.

Free Blog Counter