terça-feira, outubro 31, 2006



O seu lugar é imenso. O seu palácio é gigante e belo, com salas imensas onde os olhares se perdem e o coração se gasta. Os jardins espalham-se por quilómetros em todas as direcções, e precisariam de um dia inteiro para serem vistos em todos os seus pormenores, no seu lugar
é de noite num extremo quando no outro ainda é de dia, e está frio a sul e calor a norte, não precisa de nada mais, apenas do espaço, da liberdade, da calma e da perdição. Mas quem foi que o atou ao topo da torre, condenando-o a ver tudo de longe, ele não sabe. E o tempo pesa.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Quando ......................?




Obrigado

terça-feira, outubro 17, 2006

Negação? Impossível quando o que se tem por dentro não uma ideia, uma noção, uma abstracção mas algo real. Aliás, alguém. Há demasiado tempo que entre branco e negro parece tudo cinzento.


terça-feira, outubro 10, 2006

Deitado. Imóvel. Contemplaria o tecto, se não estivesse rodeado de escuridão. A última coisa que se lembrava desde que ali chegara era a queda que dera, no momento em que percebera que o caminho que tinha traçado durante anos era na verdade um caminho em direcção ao erro. Agora restava-lhe o tecto. O espaço, cuja dimensão desconhecia. E então ouve o grito. Tímido. Abafado. Não. Amordaçado. De início não faz caso, como uma voz na cabeça, mas ele está lá, e em breve ele levantar-se-á, de braços esticados. Não usa os olhos há muito tempo. Avança em direcção ao som. O breu é infinito. Mas o grito, agudo, fere-o aos poucos e em segredo. Se ali estivesse alguém com ele, quem sabe não tivesse vergonha. E persiste, quando lhe tinham ensinado que persistir é também errar, e prossegue, mesmo quando as feridas nos pés lhe doíam, menos que o peito porém, e ouve a voz, e aproxima-se, e nas suas mãos esticadas, no fundo de tudo o que é negro uma mão que o toca, e todo ele estremece, todo ele vacila, porque não tocava em alguém há demasiado tempo, como se o tempo fosse a verdadeira razão da dor - e de facto, era. E o esboço de um corpo, as mãos dele que tocam ao de leve num braço, numa cintura, num peito, num peito que arde, que bate. O grito ouve-se ainda ao fundo. Violento. Reprimido. Amordaçado. As mãos dele tocam-lhe o pescoço, a pele alva, os olhos, os cabelos. A boca. O beijo. O respirar é uníssono. Os corpos aproximam-se. Toma-a nos braços. O beijo.

Mas constata, com as mesmas lágrimas que lhe lavavam já a alma, que quem grita amordaçado é ele.


quarta-feira, outubro 04, 2006

Para ..









(algures há uns dias atrás...)


Maxime Le Forestier - San Francisco


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