Afinal não é só Bruno Aleixo

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De nenúfar em nenúfar

Sobe. Demasiado depressa. Fecha a porta para a escuridão da casa. Não percebia. Atira o molho de chaves para cima da cómoda. Será que queria sequer perceber? O corpo pesado cai no sofá, um momento de respiração. Tinha trocado um olhar sem diálogo. O que é que queria dizer aquele olhar? O silêncio. A mão dele a querer percorrer os caminhos dela. Os "ses", ao lado dele, a rirem-se do silêncio. Os "porques" que inventa para fintar as questões que doem. E no entanto, está mesmo ali ao lado. Demasiado perto. E pensa sempre, demasiado, constantemente. Se. Ele a quisesse. Se. Ele no fundo soubesse que não conseguia negar certas coisas. Se. Ele sonhasse com ela e acordasse com o peito em pedaços. Se. Ele passasse demasiado tempo a ignorá-la. Se. Ele a quisesse abraçar para além da simples compreensão. Para além do silêncio e da barreira. Se. Ele a perdesse finalmente por querer demasiado. Se. Ele se destroçasse por sabê-la feliz. Se. Ele soubesse que a história se concluía de novo. Há coisas que ele insiste em não saber. E outras que ela insiste em não contar. Porque sim.