sexta-feira, junho 24, 2005

Poupa-me. Tenho mesmo que responder? Posso-te dizer que é uma coisa que não estamos prontos a enfrentar, nenhum de nós. Desenrascamo-nos. Uns renegam-no, substituem-no por uma série de encontros rápidos, desprezam-no. Outros conseguem acreditar nele e viverem felizes para sempre porque se cruzaram com alguém que também acreditava. Outros tentam abraçá-lo e acabam sós até ao fim dos dias, sem poderem andar para trás... bolas, tenho mesmo que responder a isto? Ok, posso-te dizer que agora me estou a cagar para isso. É um estrato do meu passado, que não tem significado nenhum. Foi uma perda de tempo. Andei anos, bolas, anos e anos a pensar se valia a pena gastar um minuto que fosse, mas não. Acredita em mim quando te digo. Não vale. Não vale a pena quando estás no fundo de um buraco e as paredes são lisas e verticais. E levas em cima, muitas, muitas vezes. Até que todos os teus ideais, todos os teus sentidos que tu tinhas apurado tão bem até ao dia em que finalmente "a tua altura chegasse" ficam lá em baixo, e tu trepas dos escombros, mais leve, mais calmo, mas mais imóvel, mais implacável, mais calculista. Não te posso dizer o que isso é. É triste, porque saíste de uma condição miserável, percebeste que foste voluntariamente miserável, mas saíste de lá só para perceberes que continuas triste. Porque não há situação nenhuma para saíres. Tudo é igual. Mas tu já não és. És outro, e todas as coisas pelas quais lutavas esfumaram-se, e ficas no meio da ilha, a ver o mar a subir, e a fingir que não te preocupas se morreres afogado, com uma cara séria que nem tu, no fundo da tua solidão verás... É isso, essa treta, a dor, tudo. É levares com a merda em cima e achares que ainda vale a pena levantares-te outra vez, porque essa vez pode ser "aquela" vez. Mas os sonhos só existem dentro de ti. E o peso que te esmaga é bem real. Não percas tempo com ele. Porque o amor nunca te vai matar, mas pode-te moer até seres apenas um chão de cinzas.

sábado, junho 18, 2005

Não

Ao apagado baque da mudez
Ao medo industrial
Ao obscurantismo
À miopia
À falta
Ao fácil podre
Ao suspiro ignaro
À ausência de ideias
À privação de vida
Ao simples venenoso
Às tardes contadas e desperdiçadas
À imponderabilidade da existência
À proibição de sonhar
Às noites dentro de cada casulo
Ao quente que se quer frio
Ao frio que se desejou quente
À contradição
À inexistência
Ao esperar desesperadamente
Ao sorrir fraco
A tapar o sol com a mão
A ficar dentro de paredes

A ser pura e simplesmente quotidiano.

terça-feira, junho 14, 2005

Recomendo:


Kraftwerk: Minimum - Maximum (2 CD)

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Na Ilha da Madeira, ontem à tarde.

terça-feira, junho 07, 2005

I'm the boy in the bubble,
Can't you see me through the plastic
I'm uneven and afraid
But you tell me i'm fantastic

On my shining little home
I'm delightful as pure gold
But it's only in my bubble
That I dream about the world

I see black and white clouds
And the pale shores of sea
Dark stars greet me by nightfall
Through the glimpse of TV

I'm still breathing in here
Can you help me get out
Even though I'll not live
I have no trace of doubt

I want to hold your hand
And then die loud and clear
'Cause my bubble is broken
And soon I won't be here.


Foto de Carol Loução

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