quinta-feira, agosto 25, 2005

The same, the neverending broken record, the same vomit and the same colors, the colors of his ticking clock and of his patience running thin. His chicken head bouncing and his diamond skies melting - is he finally insane? Or is he just human? Is he far from what should have been? "One more day to go", he keeps babbling, "the chance is near", he says. He always finds new ways to overcome it, he always finds new reasons to explain it, and all these years he keeps hitting his head on the wall. But then they say he shouldn't think about it anymore and he shouts like an idiotic nuclear bomb:

"HOW CAN I NOT THINK ABOUT IT? IT KEEPS KNOCKING ON MY DOOR!"

I tried to kill those ghosts inside of me
That voice you spoke is yelling in my ears
And I don't believe in love fools...
I'd like to have those eyes you want to kiss

Wishing something
I wish I had that voice you want to hear
I believe in
And I don't believe in love fools
Do you feel something
This feeling is so hard that I can't breathe
Wishing something
I wish you'd touch my hair when I'm asleep

And I don't know
And I don't believe in love fools
I'm tired of this
The words you wrote are putting me away
I'm tired of that
I know that love was for somebody else
And I don't know... me, myself and I

You and I know
You and I try
You and I ran
Leaving old stories far behind

And it feels good
And it's so warm
Having those eyes
Playing with me, myself and I...





sexta-feira, agosto 19, 2005

Há quem paire porque não tem mais nada que fazer, há quem paire mesmo se preferia estar no chão, e há depois ainda e sempre os que pairam porque a vida os deixou pairar. Não pensam em nada do que lá está por baixo, apenas flutuam, a centímetros largos do solo, como penas, como memórias, como outros mundos dentro de esferas, ao sabor da brisa. Sorriem como loucos, mas todos sabem que eles não são loucos. São talvez os mais afortunados de todos. Geralmente muitos não sabem o que é ser assim, mas os que sorriem eternamente não se apercebem sequer da sua condição. Não conhecem outra.

Mas ninguém se lembrou daquele que paira porque quis fugir dali. Olham para ele e acham que é mais um, no meio da nuvem, no meio da brisa, mas ele está lá em cima porque não há espaço para ele cá em baixo, porque o chão o queima e a luz o cega. Voa porque foge, porque renega, porque não quer passar por tudo de novo. E quando os fantasmas rodeiam todo o seu mundo, a única saída é fugir... para cima. Quer subir mais mas não consegue. Algo o ligará para sempre a este temor, a esta triste desculpa que é o seu quotidiano. "Até quando?", pontapeia ele pelas paredes da gaiola, "Para quê?", "Porquê?".

A filosofia de abominação de tudo o que se repete até à náusea atacava sempre, como uma doce ironia cozinhada por entidades que não via mas que nunca me deixavam em paz...


quinta-feira, agosto 04, 2005



I pick up your photo / Line it up in the wall / Beside all that's left
Always the same told story / Always the same face / Will I get up and kick myself

I try and cure it / But I always leave a trace / I don't know nothing else

Shall I tear it / Shall I try it /Start running from the same end
Shall I free it / Or deny it / And drown again instead

Shall you give me one last change /And say I'm not on the maze
Shall you tell me all that's new /On a glimpse of your gaze

I don't really search no more / All that's left is broken glass
I'm even colder than before / On this stupid dizziness

Go and make it happen again / Turn your back if you must
Because everyone I wished before / Turned to portraits full of dust

Foto de Pedro Gomes

Outro dia, naquele dia quente, seco, desprovido, nú. Seguia pela rua abaixo, com o peso das horas em cima, de todas as horas, de tantas, das memórias. Por cima dele, a centenas de quilómetros de distância, o lixo em órbita e a lembrança das nuvens, que já não existiam. Descia o pavimento íngreme, pensativo, mas ansioso. Esperava-o aquela que era para ele tudo. Estava lá ao fundo, pensando nele também, e parecera-lhe sempre impossível ter encontrado alguém como ela, mas agora era real, e ele não a queria perder. Apetecia-lhe segurá-la, e nunca mais a largar. Apetecia-lhe. Chegou ao edifício. Edifício... agora todos os edifícios eram redomas brancas, alvas, puras, limpas, esterilizadas, impessoais. Lá dentro restava a humanidade. Entrou na câmara de descompressão, e despiu o pesado fato térmico que o protegia de tudo o que era exterior, e finalmente, como se tivesse perdido toneladas, abriu as portas do palácio. Subiu as escadas e ela ali estava, em frente à janela gigantesca, vestida de azul, esperando-o. Não quis dizer uma palavra, mesmo sabendo que não era permitido falar. Olhou pela janela, ao lado dela, e viu uma flor brotar do pavimento. Olhou para ela, incrédulo. Seria real? Olhou para si próprio. Suspirou. Murmurou a palavra de código e todo aquele espaço enorme se reduziu à sua dimensão de sempre: um cubículo de alguns metros, donde uma cama saía da parede. Deitou-se, e lembrou-se dela. Do seu vestido azul. Onde estaria ela agora? Será que ainda existia? Tentou lembrar-se de como era os seus lábios a tocarem nos dela. Era cada vez mais difícil, o tempo pesava, sempre, cada vez mais. Quis tê-la ali. Mas mesmo que tivesse, para quê? No mundo em que vivia era já proibido tocar em quem quer que fosse. Era demasiado perigoso. Por isso, como um recluso, cingiu-se à lembrança.
Para a Sangria

Free Blog Counter