Dia de...
quinta-feira, dezembro 28, 2006
sábado, dezembro 23, 2006
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Nem que viajes pelos picos e páres para respirar no fundo do oceano. Nem que passes por cima de arco-íris e continues, incessante, através das estradas. Nem que vejas quatro mil fins de dia e profetizes coisas melhores na chuva que tolhe os teus movimentos, nem que procures sem respirar uma porta para o teu género de sentido, nem que saltes, titubeante, e desfaças o movimento com passos desajeitados de bailarino, nem que te ponhas no meio da pista e sejas o último a ir embora, nem que procures o perfume escondido sempre pelas forças que não são as tuas, nem que saibas por dentro que tudo tem um fim e isso não é necessariamente algo de mau, nem que rodopies à volta do mundo numa vã tentativa desesperada de enxotar os pedaços soltos que achas que não fazem parte de ti, mesmo que acordes sem sono a meio da madrugada e não tenhas nada mais do que deixar as mãos frias e o peito numa tempestade sem vento nem tormenta. Persistes a ler o mesmo livro debaixo dos lençóis com uma lanterna trémula (mas o livro vale a pena), e em conduzir a mesma estrada de curvas sinuosas que invariavelmente te vai separar dos outros quando o carro parar. Persistes porque a cada passo estás mais longe do que te era eterno e mais perto de outra coisa qualquer. E dia após dia encostas a cabeça ao vidro e deixas a amálgama lá fora correr depressa, tomando ela o leme, as ideias. E as palavras.

