sexta-feira, abril 30, 2004

A liberdade de partilhar um palco perante olhos atentos, a catarse de poder expandir as nossas facetas adormecidas, a luz de sorrir perante o mundo, e ele sorrir também... lembrei-me das últimas palavras do poema que escrevi no programa da última peça que fiz, há quatro anos:

Esta luz que nos cobre de ouro,
E o brilho que nos eleva
Mostram ao mundo
Que um dia
fomos maiores do que alguma vez poderíamos ser
E, nas asas do sonho,
Ousámos voar.

sexta-feira, abril 23, 2004

Acordo, rodeado de um estertor irónico a esvoaçar sobre o espelho da minha mente. Atrás de mim, os pensamentos, que descarto num rasgo de absurdo, riem-se do eu que aparece no outro lado dos sonhos.

Pairo outrora, sorrindo ao primeiro raio de luz do sol que me fita. Em mim, o vazio devastador de um peito em busca da sua outra metade, o quotidiano de eu próprio, perscrutando os pequenos surrealismos da vida, que me ferem mesmo quando não os quero ver. E uma luz sobre a minha janela, uma imagem sem matéria, impossível de ver no todo, apenas ao pormenor. E eu voo em direcção a ela, e procuro no seu coração um sentido no dourado céu de chumbo que me rodeia, mesmo quando sou o único que o vejo. Ao meu lado, vejo-me a deixar para trás os passados que julgo deixarem-me em paz. Mas não chego a ver a parede em que me esmigalho, e quando regresso à superfície, todos os pedaços de memória que por mim passaram, incorporam-me de novo e partem comigo em viagem.

Durante um tempo que parece uma eternidade, lambo todas as minhas feridas, e percorro a estrada branca que as meus pés, infinita, se estende. Por vezes, algumas memórias da luz que posou na minha janela, e da minha queda em direcção a uma armadilha que julgava ser a voz dos anjos.

E o sonho acaba. Mas a estrada branca continua sob os meus pés, e desta vez sinto o pó que me rodeia a entranhar-se no meu corpo. Não é um sonho. Percorro a estrada, e cada passo é dado com esforço, não com a leveza de mim próprio há alguns minutos atrás. Então, à minha frente, a luz a sorrir-me. E desta vez não me aproximo. Fico ali, a olhar para ela, procurando ver o muro que me separa do seu coração. Mas à minha frente só há luz...

terça-feira, abril 20, 2004

"Troco desejos inefáveis com a vida, que me faz eterno para o mundo e efémero por dentro. Rodeando de gritantes campânulas de fel, sou inundado por uma melancolia roufenha e miséravel, vendo os navios de outras viagens partindo, esperando um pedaço de espuma, arrastando-me sem movimento no cais do que conheço, rodeado de construções suspensas no ar, construções que só eu vejo. No momento em que escrevo estas linhas, flutuo, leve veículo, ridículo viajante, vislumbro a imagem para além do meu quarto, ao mesmo tempo que o meu fantasma esmurra a parede com os punhos nus. Entre escuridões que o coração não descortina, viajam-me recordações afastadas, sonhos de utopias que perdurarão para toda a eternidade. Por baixo do meu corpo, uma mola, prestes a saltar, sedenta de força, esperando a ordem, a libertação. E as memórias que não cessam. Desenhos ténues e gastos de casas em que nunca se morou."

As coisas que se encontram num caderno azul pautado... volta e meia dá-me para escrever...

segunda-feira, abril 19, 2004

Estoirado... quase há 20 horas a pé... depois de ensaiar das 9:00 às 17:00... e sábado o mesmo + uma pequena ida ao aeroporto... ainda reuni as forças para ir ao cinema à sessão da meia noite, e preocupar-me com algo tão simples como a passagem de um ficheiro quicktime para mpeg... tarefa dantesca que ainda não está cumprida... e o que é que eu fui ver? Fui ver algo para dizer que vi. E porque não? Vi um filme com uma fotografia excelente, e uma banda sonora impressionante... quanto aos baldes de sangue, já vi pior. Confesso que não me toca particularmente a temática, mas não posso deixar de admitir que, enquanto pedaço fílmico está ao nível... provavelmente já percebo porque é que aquela velhinha teve um ataque ao ver o Jim Caviezel a gritar em aramaico (que por acaso parece élfico).... Bom, e os bocejos e suas réplicas começam a chegar com uma regularidade incessante... tenho andado meio abstraído deste blog, é bom sinal... trabalhinho... boas noites (ou dias?)

P.S.: O Emule é a maior invenção da humanidade... entre hoje, ontem e anteontem saquei quase dois gigas nacionais e cometi alguns deslizes internacionais... a netcabo nem deve ter acreditado e o consumo de ontem foi zero tanto cá como no estrangeiro... chulos e ainda por cima burros...

quarta-feira, abril 14, 2004

Ontem acordei para um palco. A peça que o nosso grupo prepara está a compôr-se, e a vontade de juntar os elementos que me vão fazer reconstruir toda uma memória passada de fazer teatro, é incessante e constante. Tenho acordado para o teatro, nestes últimos dias. Tenho-me sentido cada vez mais perto daquela data, em que as luzes se vão acender, e à nossa frente a cumplicidade de mais de uma centena de pessoas nos vai fazer sentir aquele calor tão próprio de algo que se constrói com esforço. Talvez por isso me tenha envolvido ao máximo na peça em que estou a participar. É já oficial, a música da peça vai ser da minha autoria, e uma eventual cantoria que se vai ouvir a certo ponto... Estou em pulgas, ponto final.

domingo, abril 11, 2004

Sexta feira - A película: "Tremors 3 - Back to Perfection" - uma viagem alucinante pelos redutos da nossa própria mediocridade.

Sábado - A ressaca, canalizada num comentário na Imdb. Há cinco anos não me veria a escrever comentários em inglês na internet a filmes feitos para a televisão, tão incapazes e imensamente nulos que parecem suplicar um tiro de misericórdia para acabar com o sofrimento:

God, how far have we come. Human evolution was always aimed at higher knowledge, higher goals, higher dignity. The result of such bluff was being called. It all is explained in Tremors 3. Are we so humble? Let's all kneel before such powerful beasts, lizards creeping from the underground, hatching eggs inside them to give birth to some unbelievable creatures, with unbelievable skills which end up involving flying farts. Magnificent piece of work, in all details of its piss-poor CGI, of Michael Gross' overacting talents, and the amazing capability of its screenwriters to sustain for such a long time a movie that goes nowhere, and which showdown is as climatic as the sight of the dumpyard it's based on. Let's all crown this movie. It's an achievement of epical proportions, a reminder of our own mediocrity as humans, a reminder of how such amazing beings end up as deep as the atoms in the atmosphere. This movie is admirable, as significantly as any other sign of our own achievements as humans. All praise Tremors 3!!! It made my eyes become open!!!

sexta-feira, abril 09, 2004

Quando ele abriu os olhos, percebera o seu estado, sublime de simplicidade. Não precisava de mais nada no mundo, apenas do leve cântico que o envolvia, como o cheiro da mulher da nossa vida. À medida que se apercebeu da sua condição, percebeu também que o mundo era dele, e que tudo o que desejava estava ao mesmo tempo ao alcance dos seus dedos e à distância do mais longínquo continente... Naquele momento decidiu ser livre. Decidiu nunca mais parar para repensar, decidiu viver cada minuto em busca de uma sensação, em busca de algo que fizesse sentido num mundo que o perdeu. Sabia que parar era morrer. E isso apenas aconteceria no fim, quando o tempo o apanhasse de pés e braços. Na sua mente voava em direcção ao precipício, e só pararia quando chegasse à sua beira. Depois, num assombro de respiração e sentimento, mergulharia, apenas para poder ver o que estava no fundo. Não haviam fronteiras para ele. No seu corpo, asas levavam-no a onde ele queria ir, e voando ele conheceu este mundo e outro. Imaginava-se num possível final, murmurando as palavras que levaria consigo para o outro lado. E imaginava as palavras, e imaginava as pessoas, e projectava a vivência. Não conseguia materializar um futuro. Porque o seu futuro ainda não existia. Esticando todos os seus braços em direcção aos olhos que o acolhiam, o anjo que sorria perante ele envolvia-o a pouco e pouco, e cegava-o perante uma luz que nenhum sol alguma vez cometeu o pecado de lhe dar. Em seu redor, a música materializava-se em visões que ele nunca havia tido a coragem de sonhar, para ele era como se o mundo parasse e se resumisse a um momento. Como se todo o sentido de toda a história de todo o mundo de tudo o que existe fosse reunido ali, naquele pequeno cintilar que se originara entre dois olhares, furtivos mas repletos de eternidade e desejo. A fada esticou a mão em direcção a uma estrela, e deu-lha de presente. Quando ele tentou falar, percebeu que a situação não merecia qualquer palavra em qualquer idioma. A linguagem que ali se falava não estava limitada a leis e regras. Era universal, e aquele ser etéreo que à frente dele flutuava ensinava-lha a cada segundo.Tentou delimitar segundo algum possível padrão aquela pessoa que o roubava à realidade. Falhava. Quando olhava para os seus olhos, eles suficientemente vastos e eternos para a eles serem dedicadas mil canções de amor. E ela falou-lhe,sem mover os lábios: Deixa-te voar. O caminho somos ambos que traçamos. Pensou: "Mas não existe caminho à nossa frente.". E ela respondeu-lhe de novo: o caminho existe sempre, e nós nunca o vamos ver. Ele apenas existe quando não estamos a olhar para ele. Chegara ao último reduto, como sem em volta tudo se evaporasse, tudo desaparecesse. Não queria deixar aquele sítio, mesmo que não fosse sítio nenhum. Imaginava-se num local sem descrição, definição ou dimensão. Imaginava-se num local imenso, demasiado avassalador para se poder delimitar. O único local onde o seu coração fazia sentido.


A sonhar em dias de sol...

quarta-feira, abril 07, 2004

Ora bem, destes dias é que eu preciso! Ontem acabei de filmar o vídeo institucional, e vou começar a montá-lo. Fiquei a saber que os rapazes da empresa, porreiríssimos, têm em mente fazer um outro vídeo para setembro, e em princípio já estou em marcha para mais essa proposta.

Mas hoje fiquei a saber que alguma guita que vou receber e se calhar o que me vai safar o estágio vai ser o ....




... tuning?!?!?

É verdade, vou fazer um dvd para uma revista de sobre tuning, e ainda não se sabe e prefiro não esperar nada, mas há uma proposta de além de fazer este dvd para eles, ainda safar o meu estágio.... seria melhor do que tudo... e não só, este trabalho tem grandes hipóteses para me abrir portas para outro género de trabalhos como este... e não há nada melhor do que isso para fazer render os conhecimentos, e o trabalho. E uma coisa é verdade: fiz por aí coisas incríveis e trabalhos árduos que, no mundo profissional, seriam pagos a peso de ouro. E quando digo isto, não exagero... Chegou a hora de começar a compensar por todo esse trabalho... Não foi só porque fez sol, este foi um grande dia!

segunda-feira, abril 05, 2004

Como eu adooooooro escrever posts em horas tudo menos apropriadas, tenho a dizer que estou na pausa do almoço da rodagem do vídeo institucional que ando a fazer... Daqui a uns 30 minutos vou bazar, para ir a paço de arcos filmar entrevistar pessoal na redacção da Visão, e esta manhã já passámos pela Lusa, pelo Independente, pelo Correio da Manhã, qual overdose de papel!!!! Anyway, a escassez absolutamente providencial de trânsito fez-me reparar que as férias já começaram, e o sol brilha só para elas (esperemos)... calor incomensurável e lugar em todo o lado e that's my weather...



I wish....

domingo, abril 04, 2004

Voltar à Gulbenkian, voltar aos computadores, ir acabar o trabalho que mais ninguém tem a paciência para acabar.... e a seguir teatro, teatro, teatro, das 15 às tantas.... o tempo aperta, a peça é como se fosse amanhã e eu estou em pulgas.... Kraftwerk ainda passa por aqui...

sábado, abril 03, 2004

São 10:55. Vou ter uma reunião. Nem é preciso dizer que estou meio acordado e meio a dormir... ontem a festa foi até às seis, mas brindar aos kraftwerk era isso mesmo... Não há palavras para descrever... Dá vontade de gritar "We Are The Robots!!!!".... inexplicável mistura de sensações, som brutalmente definido e um videojamming incrível...



Viajei naquele coliseu... não há palavras a articular... wir fahren fahren auf der autobahn, und wir tanzen automatik und wir sind die roboter und KRAFTWERK RULES!

sexta-feira, abril 02, 2004

Espaços de vidro
Gritam-me, monótonos, pálidos,
Na ânsia de me agarrarem
A uma existência nula.

Espaços de vento
Gritam-me, azuis, eternos,
Na ânsia de me viajarem
Pelos traços dos sorrisos.

Meandros do eu
Olham-me, cautelosos,
Na força de sonharem,
Com uma diferença eterna.

quinta-feira, abril 01, 2004

Ontem vi um filme.



Estava com três cervejas e uma derrota absurda e merecida da selecção às voltas no estômago. Nada melhor do que ver um belo filme retro futurista em que já não há países e o desporto nacional são homens adultos sobre patins à pancada uns aos outros....

O www.meldelama.blogspot.com conta-vos o outro lado da história.

Comecei a fazer uma malha nova no Reason. É uma cover de vangelis, que ainda não sei se será breakbeat ou drum n bass... E quem leia isto e nunca tenha ouvido o meu "knight rider 2004" não vai perceber nada....

Hoje tenho ensaio. E bem que preciso....

Free Blog Counter